quarta-feira, 23 de setembro de 2009



Amo o meu pai, ele foi um homem, um amigo, um pai, um irmão mais novo, maravilhoso e terrível. Era implicante, pirracento, berrava, era brabo, era bobo, era doce, cuidadoso, sacana, bacana, era um chato, era lindo, era horrível aquele cabelo comprido e alisado, mas também sabia ter estilo. Lembranças... elas me fazem suspirar, rir e chorar, me considero rica por tê-las e por ter tido o pai que eu tive, o amigo e o confidente. Daquelas nossas conversas na cozinha falando sobre coisas que nunca falei com minha mãe. Dele cozinhando pra mim e brigando pra eu sair da cozinha por que era surpresa. Eu chegar do trabalho e ele me receber com um beijo, um abraço tão apertado que chegava a sufocar e dizer: “Olha o que o papai fez pra você. Papai trouxe morangos pra filhota.” E às vezes quando ele chegava tarde em casa e na manhã seguinte se jogava na minha cama e me enchia de beijo e fazia a mesma coisa com o meu irmão, mesmo ele sendo um negão de vinte e três anos de um metro e oitenta e seis de altura. Pra ele não importava, éramos sempre seus filhotes, suas crianças.
Muito do que somos, eu e meu irmão, fazem parte desta personalidade imensa com a qual convivemos e aprendemos durante todos esses anos. Tenho em mim muitas das suas intrísecas qualidades e defeitos, maioria defeitos, como dizia ele. Sou intensa, insana, apaixonada, estranha, malandra e outras coisas mais. Sempre fomos muitos próximos e de tão parecidos brigávamos muito e resolvíamos tudo no mesmo dia, ou na mesma hora, nem um dos dois tinha muita vergonha na cara mesmo e logo tudo voltava ao normal.
Vejo ele também na personalidade falante e amigo de todos no meu irmão, sempre muito sociável e cercado de gente herdou essa empatia dele, apesar de cauteloso e reservado com seus sentimentos como a minha mãe, é mais conhecido do que nota de um real. Também herdou o nariz de batata, "ladrão de oxigênio" como ele dizia sempre, ao contrario do meu pequeno e delicado nariz meio afilado, meio batata.

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