terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Yentl e outros conceitos




Amo as letras, as palavras por si só independente de como estão
expostas, num poema, numa canção num romance, num drama , declamado, em
outdoors. Palavras preenchem lacunas imensas, mudam destinos, trazem a
luz a lugares mais escuros. O conhecimento delas nos torna mais vivos,
mais experientes, mais sábios de que nada sabemos a não ser que o
universo de possibilidades é extenso demais para pararmos de tentar
descobrir ou aprender.
Ontem estava assistindo Yentl, como sabem não sou só fã de filmes
antigos como de Barbra Streisand, como atriz, cantora e diretora. Este
filme em particular mexeu comigo, pois era a história de uma jovem que
amava a palavra mais do que qualquer coisa, mas do que as aspirações
pré-concebidas e da premissa de que toda mulher precisa de um homem pra
ser feliz. Ela seguiu em frente buscando o conhecimento do jeito que
fosse possível, se as escondidas com seu pai sem que os vizinhos
soubessem ou trajando-se de homem para poder estudar. Precisava
aprender, o céu era o limite e era ali que queria chegar, alcançar todas
as respostas para as perguntas mais diversas. E mesmo ao se deparar com
um inesperado amor e a possibilidade de ter tudo o que uma garota quer,
um homem que a amasse e a fizesse mulher e mãe, tudo isso sem a busca
pelo conhecimento era nada. Preferia viver sem este amor a abrir mão do
amor às letras, a palavra.
Ok, uma garota romântica como eu não se vê abrindo mão do amor, mas
também não conseguiria abrir mão do conhecimento. Tenho em casa um
grande exemplo, minha mãe desde nova se apegou as palavras pra fugir do
seu próprio drama, criada num colégio interno e separada de suas outras
irmãs e vendo sua família apenas uma vez por ano nas férias de Natal num
kitnete apertado demais pra sete. Porém, assim que saiu aos 16 anos
procurou emprego e jamais abandonou os estudos, mesmo se apaixonando por
um homem não aceitou o fato de que ele não permitia que ela estudasse ou
crescesse profissionalmente, abandonou este primeiro amor, sem piscar,
mesmo com dor, pois toda perda a trás. A vida a fez encontrar meu pai,
maravilhoso que não só a incentivava como a admirava por ser uma mulher
inteligente e que estudava e foi também motivado por ela a retomar seus
estudos.
Hoje vejo tantas pessoas enriquecendo a partir da burrice, de
frutas-mulheres ou mulheres-frutas (dá no mesmo absurdo), de funks que
insultam a palavra escrita, fazem mal uso do alfabeto e do português
correto. Astros de cinco minutos criados por corpos sarados e mentes
ocas televisivas nos três primeiros meses do ano, num big bosta
brasileiro, sem um pingo de cultura. Vamos combinar, onde está a
essência da aprendizagem, da boa leitura a ser valorizada, a cultura de
massa tem dispersado o que é precioso, a descoberta de um novo mundo a
ser explorado. Se antes nos tempos antigos era vetado a mulher estudar,
hoje de uma certa forma bem sutil também o é. Pra que estudar se você
pode ser gostosa posar na playboy e ficar rica? Pra que exercitar o
cérebro se malhando a coxa você pode se casar com o Belo, ou com Ike
Baptista? Vamos lá garotas! Esqueçam esses pobres conceitos feitos pela
mídia podre e não acéfala, por que ela pensa no que faz a sua mente,
sabe bem como e porque a querem burra.
A maior das prisões é a da ignorância, como arreios de burro te
impedindo de ter uma visão periférica. Sejam livres pra serem mais,
conhecerem mais, serem Yentls, Anchels e o que mais for, mas ousem
pensar além do gloss e alisamentos químicos e silicones. Existe um poder
maior acima de seu pescoço que deve ser usado e não só enfeitado.

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