sexta-feira, 2 de março de 2012

Não partidos, inteiros



Hoje a tristeza me pegou, não teve jeito, quis afastar o pensamento, quis pensar que é assim mesmo, que isso acontece com todo mundo uma hora e não deixa de ser verdade só porque está doendo. Só que o problema não é o fato de compreender que a morte vem pra todos. O problema do ser humano é nunca saber lidar com a perda. E sabe do que mais? Não tem vida dura o suficiente para te manter petrificado diante da inexorável dor que te arrebenta quando isso lhe acontece.
A morte acaba de levar um conhecido meu, digo conhecido, porque era isso que éramos mesmo, nos víamos todo domingo na igreja eu implicava com seus belos cabelos o chamava de Sansão e o perturbava por ser marrento, mas nunca entramos tanto na vida um do outro pra saber qual era sua cor favorita ou seu tipo de música. Sabia que era baterista, tocava lindamente na igreja, junto com seu pai e sua mãe no louvor e seus amigos. Tinha a marra de todo adolescente em formação, mas era tão doce com suas irmãs e eram tão unidos.
Sim chorei por um conhecido, chorei por um menino de dezessete anos que não verei se tornar um homem, chorei por seus pais e suas irmãs que serão amputados pra sempre e terão que conviver sem essa parte de suas vidas. Sei como é, pois me sinto assim por ter perdido meu pai, minha avó meu tio e minha amiga, perdi várias partes de mim recentemente. Por isso sei que agora não dá pra respirar, pra sorrir, às vezes faltam até lágrimas pra chorar e viver parece tão absurdo. Como com uma dor tão grande, nos perguntamos, como ainda estamos de pé? A resposta é simples. O fôlego que foi retirado daquele que amamos não se retirou de nós. Esse fôlego preso a nossos pulmões é pura Graça Divina cumprindo seu propósito e esperando que cumpramos o nosso enquanto ainda o temos.
Existem perguntas que fazemos diante da dor que inutilizam a fé, calemos. Deus conhece a dor de perder um amigo pra morte. Ele sabe que nunca vamos aceitar, acostumar talvez, aceitar jamais e foi por isso que nos deu a única alternativa possível, sua vida e a opção da eternidade. Um amor tão grande que não suporta que continuemos nos sentindo partidos, e por isso Ele se deu, e foi partido em milhares de pecados, se deu em sacrifício e mostrou que era possível viver, com Ele eternamente, inteiros. Ele sabia que não agüentaríamos, sabia que não poderíamos suportar até esse dia chegar, sem um consolador e é aí que o Espírito Santo entra, e toda a paz que excede todo entendimento que Ele nos deixou antes de partir para o céu para preparar nosso lugar. Feliz Lucas Rafael que com Ele já está lá.

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