quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dê o nome que quiser!


Existem milhões de questões na vida a se considerar quando pensamos no “se”.
Ele é uma condição infinita de possibilidades torturantes.
Porém, o hoje e o agora não. Ele começa e termina, é breve, é imediato, não é retornável como a embalagem da coca-cola. E pensando o presente e não no impossível passado.
O que se vê? O que se espera? Ainda está pra acontecer, ainda está a ser feito, a ser moldado, a ser destruído ou construído. Cada segundo juntado formam as 24 horas que temos e um desperdício enorme de tempo gastamos em “?????? X infinito”.
E pra que? Pra melhorar? Pra sofrer? Ou só pra perder tempo. 24 horas de completa improdutividade. Me recuso! Quero uma nova idéia, produzir novos sorrisos, fazer o que for pra ser melhor. Ok, nem tudo depende de mim, não dá pra me esforçar tanto pra não chegar lá. Por isso eu adoro mudanças e “planos B”. Sempre posso mudar de idéia se quiser, se der tempo. Outro dia eu saí com um objetivo, mas no meio do caminho vi que não seria possível. Estragar o dia por isso? Pela chuva que cai e a única opção seria ficar em casa? No way! O dia continua sendo dia, chovendo ou fazendo sol, eu continuo sabendo andar, seja em que tempo for. Então eu vou deixar a rua me levar e que tiver que ser será? Macambúzia? Fico às vezes, é necessário criar algumas rugas na testa pra mostrar os sinais naturais de vida vivida, incluindo aquelas em torno dos lábios indicando demasiados sorrisos decentes ou não, gargalhadas dadas a solta, a vontade do freguês; eu! Sério? Muitos assuntos o são. Pollyana? Muitas vezes eu sou. A vida é surpreendente e enquanto ela existe há oportunidade para todas as coisas também. Ser feliz, infeliz, ser mais ou menos ou ser incrível. Conseguimos tudo isso em pequenas doses alternadas ao longo dos anos e não na bela e perfeita constância de 2h e40 min de uma grande tela de cinema. Isso é caçar o pote de ouro no fim do arco íris! Não pretendo me cansar de tanto procurar, tenho mais o que fazer. O tempo corre demais e eu preciso viver! 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

REHAB

Quantas curtidas esse texto merece? hahahahaha! Fala sério! Se liguem na novidade: é verdade que curtidas via face aumentam a endorfina do ser humano e auto estima também! Acreditem, uma curtida pode fazer você sorrir e se sentir aceita e aprovada no mundo. Porém, o que é um abraço apertado, um xêro bem dado e umas boas gargalhadas entre amigas com brigadeiro de panela e filem de mulherzinha? Rir junto de algo realmente engraçado. Afinal, quem já não curtiu algo idiota só pro outro não ficar sem graça e quem tristemente não já checou de cinco em cinco minutos pra ver se seu comentário recebeu ou não uma ou duas curtidas? O mundo virtual não é injusto, é opcional, se tornando um vício é uma seringa compartilhada ou a maconha legalizada. Eu sou usuária, mas reconheço que preciso entrar em rehab.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Bodas de papel

Classificam por papel, por ser frágil, por ser delicado ou por representar o documento ao qual ambos assinaram declarando-se "seu e sua" há um ano atrás? Eu não sei. Porém, admiro e aprecio os que se dão em casamento e que mesmo passando o tempo permanecem juntos, que apostam pra valer no "eles foram felizes para sempre" e tentam feito loucos. Eis diante do altar, um ano atrás, o que vejo: a mais doce esperança, os olhos brilhando, sorriso expansivo, o suspiro preso na garganta, coração que aperta e explode batimentos alucinados e o suor que corre frio pela pele deixando todo o corpo louco de sensações contraditórias e uma única certeza: "é agora, é o sim!" E depois do "sim"? Depois das lágrimas de felicidade e da lua de mel? Depois dos meses de contas pagas, de vacas magras, falta de emprego, de apertos que antes desconhecidos passaram a ser cotidianos? E que a curva mais íngrime que teve que fazer não foi para uma nova aventura, nem pra viver uma vida louca, mas pra entrar nessa nova rota e estranha estrada a dois. Onde o acompanhar merece cuidados e o seguir paciência. Onde cuidar não é uma opção é um dever de amor. Continuam os olhos brilhando, as mãos suando, o sorriso com todos os dentes expostos? E se depois do "sim", depois das lágrimas de felicidade e da lua de mel vierem dias de dois, de par, de amar livremente, sem hora pra voltar pra casa, sem longas despedidas? Dias de cozinha especial e massagem nos pés, de poesias ao pé da cama, do ouvido de quem se ama? Se afogar no mar de abraços e beijos, um jeito novo e doce de se acordar junto, todos os dias. Dias de comemorar uma conquista de sonhos e perceber que sonhar junto é realmente ver o sonho se tornar real. Daqueles dias em que não pôde tirar os olhos dele ou dela e felicitar-se a si mesmo por ter conseguido e de estar orgulhoso por ter e pertencer a alguém tão amado e querido. Vai valer a pena cada perrengue, cada luta diária e o "Cotidiano" de Buarque. Porque ao olhar para aquela aliança, não no anelar esquerdo, mas nos olhos do outro, há de se saber claro e alto que assim como Vinicius aquele "Eu sei que vou te amar" vai pra além de um ano, é mais forte que um frágil papel e sim, será por toda a vida! Lidiane Arsenio Ps. Parabéns Júnior e Camila, por apostarem, por se darem como presentes eternos um ao outro. Amo vocês!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O tempo pra ser amigo

Você consegue se lembrar exatamente da data em que surgiu uma amizade? Talvez se lembre do dia que conheceu a pessoa que hoje é fundamental na sua vida e cotidiano, mas e o momento exato em que aquela pessoa passou de um simples conhecido a alguém que faz parte da sua alma? Tal como Davi ligou sua alma a Jônatas? Alguns vem no fluxo do cotidiano costume, outros são promovidos pelo tempo pela constância em permanecer a todos os fatos dentro dos quadros iconográficos que ilustram nossa história. Outros de um inesperado momento em que se deixam fragilizar e mostrar os verdadeiros olhos, aqueles que tocam mais a alma que as mãos num momento de conforto e que te dão uma certeza única de que você pode realmente confiar seus medos e segredos, bem ali naquele novo amigo nascido entre quatro paredes de uma sala de trabalho em um dos meus maiores conflitos de dor. Há aqueles também que não desligam o telefone até ouvir o som da sua gargalhada substituir os soluços do choro só pra ter certeza te ouviria sorrir de novo. Outros que cruzam oceanos de distâncias pra te abraçar, pra te ver casar, pra compor aquele espaço no quadro da sua história que sempre lhe coube e que o tempo afastou mais como a alma não aceita kilômetros como desculpa, ele simplesmente se vira e vem. Outros que estão sempre a uma oração de distancia do seu coração. Com os joelhos calejados por você naqueles momentos seus de ouvidos surdos e coração empedrado. Aqueles que falam por você a quem realmente vai te fazer ouvir quando nada mais faz. Há aqueles que chamo de pista de vôo, te dão a base firme e sólida pra voar. Acreditam no seu potencial te estimulam a ir a qualquer lugar que sonhar ou pretender e estão ali no seu retorno com as luzes acesas esperando baixar seu trem de pouso com segurança. São esses amigos que realmente justificam suas asas e asseguram seu pouso, necessários conselhos e apoios. Há aqueles que servem pra doar, consentir, espalhar e permear alegria, você ri de produzir lágrimas, você chora de felicidade, não são bobos da corte, são os sorrisos necessários as cócegas mais gostosas de seu coração. E os loucos! Ah esses são dos meus, dos que gritam comigo, ou me permitem gritar, que topam minha insanidade e ainda assinam embaixo, dos que amam a arte e compartilham comigo o amor tudo que é belo e criativo e tem a sensibilidade de compreender meus versos dos mais alegres aos mais doídos. Dos amigos nascidos do mesmo ventre irmão te amo! Cabeção da minha vida! Que passou por todos os meus 20 e poucos anos aturando aprendendo, apanhando, batendo, brincando e correndo pra vida e da vida que temos. E dos agregados cunhada linda e fashion, a TPM mais pavorosa que conheço, Bin Laden morreu de medo kkkk, mas uma mulher determinada, de fibra e de valores que me orgulho de dizer que é minha família. Dentre todos os melhores abraços e momentos da minha vida, meus amigos foram personagens principais. Sem falar no que partiu amigo eterno de lembranças um dos primeiros na minha história, pai pra sempre! Mãe aquela que iniciou a amizade com um sonho que ao tomar forma chamou de filha, uma mulher linda e inteligente que me ensinou muito e também aprende um pouco comigo, minha parceira de aventuras, companheira pra vida meu exemplo de mulher. E tem Ele. O eterno e perfeito amigo, professor e mestre do sentido da palavra amizade. Que nao se limitou a cria-la mas a nós ordenou: “amai-vos uns aos outros”. E veio em carne e fez com doze uma amizade e espalhou seu exemplo ao mundo. Vale a pena ter cheiro de gente, de diversos tipos, desde peixe a livros. Se cresce, se vive se é mais humano, se aproxima mais da vontade de Deus. Amo vocês eternos amigos meus desde aqui até os céus! “Em todo o tempo ama o amigo; e na angustia nasce um irmão.” Provérbios 17:17

quinta-feira, 8 de março de 2012

MULHER!


E hoje é o nosso dia, dia da mulher, dia de ser mais mulher, cortar o cabelo, pintar as unhas, colocar o perfume, passar o hidratante, scarpin nos pés e sorrir pra imagem perfeitamente maquiada e sair, sair pra deixar a rua te ver e se deslumbrar com seu encanto e fragrância.
Sim, temos respostas emocionais pra tudo. Sim, usamos as lágrimas como arma às vezes e outras também, que jamais revelarei e meninas que desconhecem o uso deste poder, não tentem isso em casa!
Sim, vemos o mundo com milhão de cores a mais que vocês rapazes e por isso o tornamos mais belos pra vocês e lhes deixamos mais belos também, lhes guiando deste daltonismo para um mundo mais completo.
Sim, sentimos mais frio, por favor nos entenda, nossa pele delicada e macia que tanto lhes agrada não foi feita para o calor excessivo, muito menos ao frio extremo que lhes é mais confortável neste verão, com o ar condicionado no máximo. Sabe aquele útero que gerará teu filho? Então, ele nos faz sofrer um pouco mais que nove meses e ajudaria se colaborassem. Sim, senhor aumente a temperatura para um nível mais confortável.
Até porque, acredite TMP induzida não é algo que queiram encarar.
O que mais amamos em vocês homens? Hã! Sim, o fato de serem homens, objetivos e práticos, e de que por mais que queiramos ser intimamente compreendidas, não devemos pretender que sejam como nós. Nós somos as únicas habilitadas a desenvolver este papel. E mais essa diferença entre nós, nos modifica, nos ensina e faz de nós mulheres, seres mais completos por aprender essa lição, nos pormos exatamente no nosso lugar sendo quem devemos ser, sendo ao mesmo tempo única e múltipla que é o que cabe na palavra: MULHER!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Não partidos, inteiros



Hoje a tristeza me pegou, não teve jeito, quis afastar o pensamento, quis pensar que é assim mesmo, que isso acontece com todo mundo uma hora e não deixa de ser verdade só porque está doendo. Só que o problema não é o fato de compreender que a morte vem pra todos. O problema do ser humano é nunca saber lidar com a perda. E sabe do que mais? Não tem vida dura o suficiente para te manter petrificado diante da inexorável dor que te arrebenta quando isso lhe acontece.
A morte acaba de levar um conhecido meu, digo conhecido, porque era isso que éramos mesmo, nos víamos todo domingo na igreja eu implicava com seus belos cabelos o chamava de Sansão e o perturbava por ser marrento, mas nunca entramos tanto na vida um do outro pra saber qual era sua cor favorita ou seu tipo de música. Sabia que era baterista, tocava lindamente na igreja, junto com seu pai e sua mãe no louvor e seus amigos. Tinha a marra de todo adolescente em formação, mas era tão doce com suas irmãs e eram tão unidos.
Sim chorei por um conhecido, chorei por um menino de dezessete anos que não verei se tornar um homem, chorei por seus pais e suas irmãs que serão amputados pra sempre e terão que conviver sem essa parte de suas vidas. Sei como é, pois me sinto assim por ter perdido meu pai, minha avó meu tio e minha amiga, perdi várias partes de mim recentemente. Por isso sei que agora não dá pra respirar, pra sorrir, às vezes faltam até lágrimas pra chorar e viver parece tão absurdo. Como com uma dor tão grande, nos perguntamos, como ainda estamos de pé? A resposta é simples. O fôlego que foi retirado daquele que amamos não se retirou de nós. Esse fôlego preso a nossos pulmões é pura Graça Divina cumprindo seu propósito e esperando que cumpramos o nosso enquanto ainda o temos.
Existem perguntas que fazemos diante da dor que inutilizam a fé, calemos. Deus conhece a dor de perder um amigo pra morte. Ele sabe que nunca vamos aceitar, acostumar talvez, aceitar jamais e foi por isso que nos deu a única alternativa possível, sua vida e a opção da eternidade. Um amor tão grande que não suporta que continuemos nos sentindo partidos, e por isso Ele se deu, e foi partido em milhares de pecados, se deu em sacrifício e mostrou que era possível viver, com Ele eternamente, inteiros. Ele sabia que não agüentaríamos, sabia que não poderíamos suportar até esse dia chegar, sem um consolador e é aí que o Espírito Santo entra, e toda a paz que excede todo entendimento que Ele nos deixou antes de partir para o céu para preparar nosso lugar. Feliz Lucas Rafael que com Ele já está lá.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Bela Antônia!


Eu tinha que dividir minha babação nessa fofa com mais alguém. Acompanhei desde o inicio quando a Isa ainda sonhava em ficar grávida. Ela já tinha gerado a Antônia em sonhos e até que enfim o resultado deu positivo. E tá aquele bando de mulher acompanhando Isa em todas as lojas de bebê. Chá de panela na pós, com direito a fechar uma mesa no restaurante com dois bolos confeitados, um lindo e delicioso feito pela mãe da Paula Maia e outro de chocolate (pena eu ser alérgica). O pai da Isa veio de Minas pra comemorar com agente.
Ela é mineira, fazia produção de moda no Rio aos sábados e também fazia Indústria Têxtil em SP durante a semana, passava dois finais de semana em Minas e dois no Rio. Guerreira máxima! E aí um dia depois do natal Antônia chega de presentão, essa riqueza toda, uma gatinha linda. Imagina a quantidade de roupinha fashion que essa menina ganhou? Calça saruel pra bebê, boina, blusa de manga princesa, enfim e esse vestidinho lindo.
O mais-mais são os textos de declaração da Isa pra filhota, dava um livro fácil de chorar, a cada semana de gravidez ela escrevia um texto enorme sobre como era a sensação de ser mãe e como o amor crescia junto com a barriga. Já tinha escolhido o nome antes de saber se era menino ou menina. Que nem meu pai que escolheu o meu nome no dia que minha mãe comunicou que estava grávida. Por isso curto tanto cada fase dessa pequena mineirinha mesmo a distância. Desejo todas as bençãos e saúde para essas duas que me encantam tanto com fotos quanto escritos beijos e abraços as duas: Antônia e Isa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Bom dia, dia lindo no Rio!







Dia lindo e abençoado cheio de cor, desde o vivo azul aos florais do tecido que cobre meu corpo me tornando menina de saia rodada e primavera no olhar.
Sair a passear com queridas amigas, mãe, filha, amiga, amigas.
Dia trás outras compahias num café da manhã regado a flashs e flashbacks de um passado presente que se mantém irretocável através dos tempos.
Rio lindo, Rio meu, caras e bocas nas ruas de cariocas lindas e loucas feito Ana, feito Lídia, feito eu. Soltas em sua aparição do dia, da vida, a fazer nada demais, nada da vida, apenas a degustar este dia.
Passear por suas vielas, paralelepipedadas, tropeçando nas sandálias.
Encontrando diferentes países humanos a nos visitar com o olhar curioso e admirado, de até desconhecidos admiradores.
E chegamos lá, rua do Lavradio, nós três a vadiar, pelas tendas coloridas com belos feitos e enfeites de mãos artísticas e de alma poética. Uma senhora com pouca beleza exterior mas um universo interior extremamente belo nos para a recitar Madre Tereza de Calcutá. Vendo-a viver a vida assim é difícil não suspirar e o nosso trajeto estava apenas a começar.
Mulheres de 20 e poucos e de 50 e alguns, todas da mesma idade beijadas pelo frescor da arte que rejuvenece a todas, nos deixando tolas em meio as belezas que brindam nossos olhos e os sons que acariciam nossos ouvidos.
Poetas independentes, lançando seus escritos, pílulas de poesia nos fazendo petizar a vida e conjugar o verbo poema, e por que não conjugá-lo e no imperativo: Poeme-se! Hoje e sempre, não guarde, verbalize, a deixe procurar seu próprio canto. Poesia boa é poesia solta. Não é mesmo Lucas S. Lisboa?
A vida sempre será mais bonita com seus versos, com a vida pelas lentes cor de rosa, ou pela cor em que a vir mais preciosa. Le Modiste a frente, arte de transformar uma casa em um lar vibrante, divertido e original, brincam com a eterna infantilidade de gostar de cores que há em mim.
Seguimos, com meu panamá cubano na cabeça de Ana, pequena proteção a pele branca da nossa "gringa" em território nacional. E ao clamor da fome e a clemência do sol a pino nos refugiamos no reduto do meu saudoso guerreiro e na Lapa encontramos o Brazooka cheio de moda, criatividade, boa comida e boa música, a própria Mistureba. Com os Desejos de Sofia e Sofia a fazer pose e arte, bela e faceira menininha encantando a tarde. Uma feijoada neste calor poderia não cair bem, mas aí não seria Brazooka também. Estava deliciosa, acompanhada dos Vagaluminosos, com sua MPB bossa e samba, difícil não recordar do meu eterno bamba, paizão!
Faz dois anos que não te tenho por perto em corpo, mas sempre o carrego em peito e sentimento, somos tão somente iguais que sempre te vejo em meus olhos refletidos nos espelhos.
A vida é feita de momentos e como dantes disse, os bons devem ser transbordados e transportados de nosso pequeno instante e compartilhado pra que se torne máximo, para que minimize tristezas, faça a dor ser pó, poeira insignificante. Para que o ar puro da felicidade encha nossos pulmões e possamos agradecer por estamos vivos e vivendo.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Carta a querida Dorothy



Você possui coragem? Coragem de levantar cedo encarar seu trabalho e a batalha do dia a dia? Coragem de encarar a depressão sem rivotril? Coragem pra encarar um casamento meia boca e tentar fazer dar certo mesmo contra as possibilidades? Coragem de encarar uma gravidez indesejada, um acidente, fruto de um caso sem futuro e agora um novo pequeno futuro se forma modificando toda a sua rota? Você tem coragem de ser feliz quando o dinheiro é curto e saúde é pouca? Tem coragem de sorrir quando tudo é tristeza e nenhuma esperança se apresenta? Tem coragem de aceitar aquela vaga que está no seu nível, mas a concorrência te assusta? Tem coragem pra assumir sua fé no meio do caos religioso que a ridiculariza? Tem coragem de ser você mesmo quando é mais fácil ser outro pra ser aceito?

Você possui coração? Amor pelos pequenos que pulam ansiosos de olhos brilhantes quando te vêem chegar em casa cansado do trabalho? Possui amor pelo trabalho que exerce e paga suas contas, a carreira que escolheu? Amor pelo seu parente chato que te liga nos horários mais impróprios e chega sempre sem avisar pra te visitar porque sentiu saudades? Tem amor por aquele amigo carente que implora a sua atenção e te irrita com tanta cobrança? Tem amor para com o vizinho que te admira a distancia e fica super feliz se você apenas o cumprimenta com um “oi”? Ou por aquela doce velhinha que por ser solitária, fala demais do tempo, da vida, dos filhos netos, fatidicamente lhe cansando os ouvidos? Tem amor pelo seu parceiro ou parceira quando ele por amor te limita a viver seus sonhos solo, pra que compartilhe com ele sonhos a dois?

Você tem cérebro? Para tomar as decisões certas? Pra se lembrar de ir ao medico antes da doença piorar? Pra se lembrar de ler um livro e aumentar sua capacidade intelectual? Para decidir entre um sim, não e um talvez? Pra não se enfiar num relacionamento sem futuro ou não jogar fora seu dinheiro e investimentos em algo que não vai te dar lucro? A não perder tempo com alguém que não vai lhe acrescentar nada além de dor de cabeça? Pra escolher o emprego certo, a carreira certa e não perder tempo em um subemprego que reduz seu talento e te diminui como ser humano capaz?

Você sabe onde está? Sabe que este é o seu lugar? Se sente confortável em sua própria pele ou constantemente se questiona sobre o que faz ou o que poderia fazer com a sua vida? Você sabe o que quer pra si? Pro seu futuro? Aonde já chegou na vida é suficiente, é tudo? Ou um anseio enorme te toma todas as noites e lhe rouba o sono? Uma pergunta não dita e uma resposta jamais encontrada. Simplesmente porque a inquirição não será feita, já que é impronunciável e produz dor só ao pensar que esta não poderá ser respondida da maneira que queremos. Confuso? Perdido? Sem direção? Longe de casa?

Eu preciso de coragem pra fazer minhas perguntas e esperar pra obter as respostas, positivas ou não. Preciso fazer esta inflexão. Eu preciso de coração pra amar mais e melhor os meus, os que me amam e os que me cercam. É mandamento, não? Me colocar no lugar do outro, este empaticismo que me faz enxergar além do egoísmo que impera na minha geração e tão conflitante com a verdade descrita na palavra. Ousar ir na contra mão do meu tempo e alcançar o certo. Eu preciso de cérebro pra saber que sentir só não basta, tem que ser assertivo e sabedoria não é gratuita tem de ser construída com prudência e nos lugares certos. Definitivamente não é na mídia, nem nos lugares comuns que migram informações rasas sobre como é a vida, onde poucas reflexões densas são geradas e muita água suja é derramada. Eu preciso saber onde estou pra saber pra onde vou! Ter certeza do meu lugar no mundo pouco me importa, preciso ter certeza do meu lugar no céu, afinal não é pra lá que eu vou? Não é pra lá que desde que criança sempre quis ir?

Cara Dorothy, existem muitos tijolos pelo meu caminho, de diversas cores, a estrada não é tão simples pra mim, não existe um pote de ouro no final do arco íris, a estrada amarela ta bem enlameada e esburacada. Sou você, o homem de lata, o espantalho e o leão. Preciso urgentemente de coragem, cérebro e um novo coração. Ávidamente bater meus sapatos de rubi com ousadia destemida, com o sentimento correto e a decisão mais assertiva. Não pertenço a este mundo querida, mas tenho que trilhar por ele. Me acompanham muitos sem coragem, sem coração e sem cérebro, perdidos pelo caminho sem saber pra onde vão. Quero ter a coragem, o amor e a sabedoria para me unir a eles e juntos após vencermos as batalhas da vida, enfim chegarmos ao destino correto! Estar diante de Deus, que não é o mágico de OZ, e sim um Deus que cumpre promessas e une destinos, simplesmente perceber a verdade em seus olhos e encontrar enfim a resposta a todas as questões. Podendo dizer, livre e em paz, alto e claro: Não há lugar como o nosso lar!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Metade da sua idade!




Tem noção do que é ter metade de sua idade? É como se estivesse na metade do caminho, e de verdade estou! Estou onde você me iniciou, neste exato ponto da sua vida, me trouxe ao mundo dando “start” ao meu caminho. Agora somos duas adultas. Duas mulheres.
E esta metade que tanto me assusta me lembra dois, como duas partes, a que conheço e a que estou por conhecer a parte que cabe a você. Metade, isso me lembra do porque comecei a usar creme anti-idade (não preciso, mas não é bom arriscar). Número 2! É tão pouco, são como dois passos a serem dados, presente-futuro, hoje e amanhã. Ok, eu sou péssima em matemática existem bem mais números entre eu e você que apenas este curto e apavorante dois. Antes eram meus 52 centímetros contra os seus 1,60m de altura, meu pesinho de 4 centímetros contra os seus sapatos 39. Hoje ambas se olham nos olhos com os mesmos 1,60m e pesando quase o mesmo, calçando os mesmos sapatos, (ok, meu pé torto destrói todos os seus saltos). Pela graça de Deus e da melanina nenhuma ruga em minha face nem na sua, porém como irmãs somos facilmente confundidas pela rua.
Ela linda, eu o protótipo, belo também ela diz! Mãe e filha. Duas mulheres completamente diferentes, uma guiada pela razão proveniente tanto dos anos, como do caráter que foi formado. A outra vibrante e ansiosa com a pressa dos anos e a urgência peculiar a geração a qual pertence, inconstante e inquieta, apaixonada e liberta, pelo espaço e amor que lhe deram. Duas, como dois pares de rainhas idênticas, mas de naipes totalmente diferentes.
Metade de nós viveu e amou, metade de nós continua a aprender como amar e como viver. Metade de tudo que somos querida Lady Lídia. Já se passaram metade de nós, minha mãe linda!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Yentl e outros conceitos




Amo as letras, as palavras por si só independente de como estão
expostas, num poema, numa canção num romance, num drama , declamado, em
outdoors. Palavras preenchem lacunas imensas, mudam destinos, trazem a
luz a lugares mais escuros. O conhecimento delas nos torna mais vivos,
mais experientes, mais sábios de que nada sabemos a não ser que o
universo de possibilidades é extenso demais para pararmos de tentar
descobrir ou aprender.
Ontem estava assistindo Yentl, como sabem não sou só fã de filmes
antigos como de Barbra Streisand, como atriz, cantora e diretora. Este
filme em particular mexeu comigo, pois era a história de uma jovem que
amava a palavra mais do que qualquer coisa, mas do que as aspirações
pré-concebidas e da premissa de que toda mulher precisa de um homem pra
ser feliz. Ela seguiu em frente buscando o conhecimento do jeito que
fosse possível, se as escondidas com seu pai sem que os vizinhos
soubessem ou trajando-se de homem para poder estudar. Precisava
aprender, o céu era o limite e era ali que queria chegar, alcançar todas
as respostas para as perguntas mais diversas. E mesmo ao se deparar com
um inesperado amor e a possibilidade de ter tudo o que uma garota quer,
um homem que a amasse e a fizesse mulher e mãe, tudo isso sem a busca
pelo conhecimento era nada. Preferia viver sem este amor a abrir mão do
amor às letras, a palavra.
Ok, uma garota romântica como eu não se vê abrindo mão do amor, mas
também não conseguiria abrir mão do conhecimento. Tenho em casa um
grande exemplo, minha mãe desde nova se apegou as palavras pra fugir do
seu próprio drama, criada num colégio interno e separada de suas outras
irmãs e vendo sua família apenas uma vez por ano nas férias de Natal num
kitnete apertado demais pra sete. Porém, assim que saiu aos 16 anos
procurou emprego e jamais abandonou os estudos, mesmo se apaixonando por
um homem não aceitou o fato de que ele não permitia que ela estudasse ou
crescesse profissionalmente, abandonou este primeiro amor, sem piscar,
mesmo com dor, pois toda perda a trás. A vida a fez encontrar meu pai,
maravilhoso que não só a incentivava como a admirava por ser uma mulher
inteligente e que estudava e foi também motivado por ela a retomar seus
estudos.
Hoje vejo tantas pessoas enriquecendo a partir da burrice, de
frutas-mulheres ou mulheres-frutas (dá no mesmo absurdo), de funks que
insultam a palavra escrita, fazem mal uso do alfabeto e do português
correto. Astros de cinco minutos criados por corpos sarados e mentes
ocas televisivas nos três primeiros meses do ano, num big bosta
brasileiro, sem um pingo de cultura. Vamos combinar, onde está a
essência da aprendizagem, da boa leitura a ser valorizada, a cultura de
massa tem dispersado o que é precioso, a descoberta de um novo mundo a
ser explorado. Se antes nos tempos antigos era vetado a mulher estudar,
hoje de uma certa forma bem sutil também o é. Pra que estudar se você
pode ser gostosa posar na playboy e ficar rica? Pra que exercitar o
cérebro se malhando a coxa você pode se casar com o Belo, ou com Ike
Baptista? Vamos lá garotas! Esqueçam esses pobres conceitos feitos pela
mídia podre e não acéfala, por que ela pensa no que faz a sua mente,
sabe bem como e porque a querem burra.
A maior das prisões é a da ignorância, como arreios de burro te
impedindo de ter uma visão periférica. Sejam livres pra serem mais,
conhecerem mais, serem Yentls, Anchels e o que mais for, mas ousem
pensar além do gloss e alisamentos químicos e silicones. Existe um poder
maior acima de seu pescoço que deve ser usado e não só enfeitado.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ao fim de maio




Bem no final de maio no mês em que nos casamos me lembro de como estava lindo lá de pé no altar a me esperar. Foi o dia mais feliz da minha vida, sonho e realidade misturado a toda lágrima que queria saltar dos meus olhos contra toda minha imperiosa vaidade. Era amor o que vi em seus olhos, era certeza, era a promessa de uma vida inteira compartilhada de mãos dadas, com pedras, vales ou montanhas eu sabia. Você seria a constante na paisagem e na passagem dos meus dias. Seriamos nós e não mais eu e você. Quem sabe um nós com mais de dois, quem sabe um nós com choro em soprano no quarto ao lado de bochechas rosadas e seus olhos.
No final de maio sempre me lembro de como perdi você, não pra uma outra mulher, não para o cansaço dos dias, não para um motivo fútil como uma briga pelas toalhas molhadas atiradas na cama ou as roupas espalhadas por qualquer lugar. Perdi você por mim, perdi por não ter paciência e não querer te entender quando lentamente tentava me explicar. Quando não li a mágoa que lhe causava a cada acusação. Pelo egoísmo de me por em primeiro lugar. Por exigir, por Deus que fosse mais parecido comigo. Que estupidez! Não são nas dificuldades e nas diferenças que aprendemos a crescer, mudar e moldar o caráter?
No final de maio, onde tudo muda, onde a dor aperta e o vazio grita eu choro sozinha. Por que sei que te feri, como jamais se deveria ferir quem lhe ama tão abandonadamente como você fez. Tão entregue que jamais entendeu onde e porque em todas as suas tentativas errara tanto a ponto de não ser aceito. Dói ver o sangue nas minhas mãos da morte da nossa relação. Devasta-me ouvir nosso filho perguntar por você. E toda vez e ao olhá-lo te ver, tão refletido e inocente como quando nos conhecemos, toda a pureza que eu deturpei, te moldei e transformei em algo que eu não queria mais, em algo que jamais fora.
No final de maio tenho que te encontrar pela última vez e perguntar se está tudo bem. Será formal como entre dois desconhecidos, e não como duas pessoas que se amaram tanto e construíram uma vida juntos. Uma vida que durou pouco. Onde estava a certeza de que o nosso amor duraria tanto quanto o dos meus pais? Por que só três anos parecem tão longos e cansados quanto os 60 que vi meus avós viverem. Porque a sociedade nos ensina a caminhar rápido demais e a queimar rápido as evidencias e os vestígios do verdadeiro amor. Porque não nos relembra que é em fogo brando e não num incêndio que se vive e aquece um lar. É com braços de abraços bem apertados e pedidos sinceros de perdão é ter tempo para uma longa conversa e não economiza-lo para desperdiçar tudo em gritos e poucos porém graves, permanentes e profundos insultos.
No final de maio estou aqui diante de você na data que escolheu para dizer adeus tragicamente na mesma data em que antes felizes escolhemos pra dizer o sim. Vamos trocar palavras educadas, assinar papeis, apertar as mãos nos olhar pela última vez e virar as costas. Dizendo falsamente um para o outro: Está tudo bem, seja feliz você também!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Estrangeiros num mesmo país




Num dia comum de terça, onde todos trabalham e correm de lá pra cá sem notar a paisagem do dia e sua passagem, o colorido que muda indo do azul a turquesa e de turquesa a laranja róseo, até um azul enegrecido pela noite. E é agora nesta hora em que todas essas cores se despedem do dia e uma bola amarelo alaranjada desce ao mar espalhando o liquido dourado pela mar e mergulhando profundamente na escuridão que a lente precisa capta toda a beleza desse mágico crepúsculo. Uma lágrima escorre ao ver o sol descer, fecha os olhos e se lembra de olhos igualmente dourados do qual jamais conseguiria esquecer toda vez que visse um por do sol, mesmo num dia comum como esse.
Ela quase uma desconhecida entrara na sua vida por acidente, num país latino, numa festa, numa música, numa dança, sem palavras, além das trocadas pelos corpos de ambos ao movimento da canção. Enigmáticos olhos dourados e a pele negra em contraste com a sua alva quase rosa. Completamente absorvido pelos lábios cheios e bem desenhados dela, o olhar poderoso e ingênuo ao mesmo tempo o inebriavam. Foi inevitável que antes da primeira palavra proferida os lábios se tocasem, num beijo avassalador para ambos, o não-verbal já havia dito o bastante.
- Te quero! – disse ele em espanhol foi a primeira coisa que lhe falou, não era sua língua, não era a dela, mas ambos compreendiam.
E na primeira conversa se descobriram estrangeiros em um mesmo país, descobriram mal se entender, entre línguas distantes encontrar uma em comum. Inglês, espanhol, russo, português. Ok! Inglês serviria, depois, bem depois. Online em todas as conversas encontraram mais que química, mais que abraços, beijos e fogo. Descobriram vidas cruzadas, personalidades incríveis e um desejo imenso de se aproximar, de ficar junto, de querer bem mais que o toque íntimo. De começar de novo, do principio com um simples e inocente:
“- Oi? Como vai? Muito prazer!”
Mas o que fariam pra se encontrar? Como mudar a ordem dos acontecimentos. Ela estava lá e ele ali, há uns dois países de distância, mesmo continente, ele ainda a passeio, ela em casa. E se ela dissesse sim... Se dissesse: “Pode vir, te espero, te aguardo”. Tudo poderia mudar, ele poderia lhe mostrar seu melhor lado, lhe apresentar sua real vida. Andara tão só por tanto tempo que doía ser comparado a todo clichê de aventureiro conquistador. Ele queria alguém para amar, não só para um tempo juntos, queria o “pra sempre”. Sim, fora atraído pelo desejo. Sim, seguira um impulso primitivo, mas era mais que isso agora. E como provar? Como ser o cordeiro depois de ter sido o lobo? Como mostrar que sabia como degustar se já a tinha devorado? Como mostrar que queria uma chance pra ser mais, sendo menos.
Em uma simples palavra tudo estaria mudado. Sim! E logo a mochila estaria de volta as costas e as passagens compradas. Seria apenas uma palavra: Não! E tudo não passaria de uma boa lembrança de uma viagem inesquecível. Esperava na tela branca as palavras que mudariam sua rota e suas esperanças de vê-la novamente. Caso ela dissesse não ele estaria muito mais longe, ele voltaria ao seu país de origem e um continente os separaria. A conexão caiu enquanto ela dava a resposta que os uniria de novo a uma nova aventura: Sim! Infelizmente ele não viu e partiu pra casa.
A linha tênue que separa coincidência de destino os separou pra por milagre novamente os juntar em um outro pais seis meses mais tarde. Nem o lugar dela, nem o lugar dele. Outra vez ambos de passagem e por acidente na 5ª Avenida em Manhatan se cruzaram. Ela hospedada na casa de uma amiga e ele na casa de um primo e agora se esbarravam num café.
Olhos dourados fitavam o mar azul escuro dos olhos dele. O reconhecimento foi mútuo, porém a reação foi diferente da primeira vez. A tensão percorria cada poro de cada corpo. No entanto a dúvida: O que teria ocorrido na vida dela e na dele? A pergunta ecoava na cabeça de ambos. Teriam alguém? Isso realmente importava quando havia tanta comoção naqueles olhos que se refletiam quentes e vivos um pro outro? Apesar disso a inércia lhes paralisava braços e pernas, nada funcionava, impedidos pelo medo de se moverem um para o outro. Então as palavras cortaram a distância:
- Oi! Como vai? – disse ela “ Porque não veio me encontrar há seis meses?”
- Bem obrigado! E você? “Tão linda como me lembrava, porque não me disse sim?”
- Que bom! Estou aqui a passeio por poucos dias e você? “Obviamente, já deve ter outra e mal se lembra de onde me conhece.”
- Também, casamento do meu primo. “Eu quero você”
- Dê os parabéns a ele! E aproveite a viagem! “Eu queria você”
E em poucos segundos ela escaparia de sua vista e nenhuma palavra sã sairia de sua boca. Quem sabe quanto tempo isso duraria? A eternidade talvez. Coincidência não existe, era destino. Ele precisava se mover não importava o risco, valeria a pena até o não, ao invés da tortura de não ter tentado. Saiu porta afora atrás dela que já ia entrar num táxi. Ele tirou a mão dela da porta e a bateu com força a puxando pra si e a beijando como na primeira vez, mas não só enlouquecido de desejo, mas de um amor guardado, desesperado, com medo de ser novamente perdido pelo tempo, mapas e espaço. Precisava dela na sua vida pra sempre. Como mudaria a história? Quem era ele afinal? Apenas uma cara que ela conheceu nas férias de verão. Nada mais sério que um flerte e uma dança. Só isso! Porque pra ele fora tão mais?
Ela não tinha mais pernas, fôlego, forças, a cabeça leve. Em seus braços esquecera os meses e o juízo. Fora o melhor beijo da sua vida há seis meses e ainda o era ali e agora em outro pais desconhecido naqueles conhecidos lábios. Mas agüentaria imaginá-lo pelo mundo com tantas outras outra vez? Já uma mulher crescida criar falsas esperanças em um cara que está novamente a passeio querendo gastar melhor seu tempo com uma velha conquista?
- Preciso voltar, foi bom te ver! E... isso foi há seis meses e ninguém deve nada a ninguém, certo? “Eu ainda quero você”
- Certo. Mas eu precisava ter certeza de que era só isso mesmo. “Tão difícil de enxergar o óbvio.”
- Você está ótimo! Foi um prazer te rever. Eu vou indo.
- Fica! Vem comigo? – ele ainda segurava sua mão a impedindo de se mover em outra direção.
- Mas eu mal te conheço.
- Me teste, me experimente, tente me conhecer, mas fica! Não vai doer.
- São milhas de distância que não devem ser negligenciadas.
- É só geografia e matemática.
- Precisa-se de um bom motivo.
- ‘Te quero!’- disse em espanhol - Serve? – disse a puxando pela cintura com força.
- Si! – disse ela sorrindo e se jogando em seus braços.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Me and Mrs Jones

Possibilidades de amor, é o que aparece na vida de um homem solitário compositor de blues. Possibilidades loiras, ruivas, morenas, asiáticas e negras. Este homem em particular com o olhar meio abatido, meio perigoso, meio taciturno e excitante que faziam todas elas arriscarem o coração para perceberem que não seriam nada mais que uma nova canção. Porque ele pertencia a uma, uma única mulher. A que lhe ferira os olhos, a artista atormentada que não se mantinha por perto e nunca longe de seus pensamentos e nas notas mais melódicas de seu piano nas noites mais frias acompanhadas de um bom bourbon.Ela ia e vinha quando queria. E naquela noite apareceu num vestido azul real e seus olhos a pertenciam. Tudo nele a pertencia e ele tocou a canção que a fizera olhar pra ele. Me and Mrs. Jones. Ela segurava a taça de chardonney nas mãos finas e delicadas e olhava em seus olhos sentindo as notas caírem mais rápido em suas veias que o vinho do qual se embriagava. Bem mais enlevada pela canção e por ele, que o estado de torpor lhe arrebatou o corpo e a mente a levou até o piano e a fazer algo que há tempos não ousava, cantar e cantar com ele. A pareceria ia muito além da canção e muito além do bar. Eles mergulhavam na canção como em si mesmos, afogados nos olhos um do outro, sem tentar encontrar a superfície porque respirar não era mais tão importante quanto estarem juntos mais uma vez, naquele palco, na vida pra sempre. Quanto tempo mais teriam além daqueles poucos concedidos pela platônica paixão que compartilhavam? Era tarde demais para palavras, era tarde demais pra ações impensadas, eram só duas da manhã o bar ia se fechar, assim como o piano e a garganta ao vê-lo partir de novo de sua nefasta vida complicada. Sempre complicada demais para um beijo a mais, um amor a mais, um amor além de seu orgulho e egoísmo. Fora isso que viera procurar? A certeza em seus olhos de que ele era seu, só seu. Era sempre a mesma certeza que tinha ao olhá-lo, mas porque nunca um sim, porque nunca um eu te amo, porque nunca aceitar o que tinham. E se um dia perdesse aqueles olhos, aquela voz, aquela paixão que aquece e nunca queima, que se afasta por precaução e nunca se deixa levar pela brisa que incendeia a brasa? Quais eram as chances? Quem precisaria das respostas agora? O que importa é sonhar, pintar, tocar ou cantar um romance inspirado em Me and Mrs Jones.Ultimamente tenho escrito pequenos contos inspirados em músicas que amo e essa foi uma dessas. Espero que gostem e comentem.