quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Um bom lugar



Às vezes agente neste ritmo alucinado que corre a vida, tudo tão depressa, tudo tão pra ontem, nosso único desejo é fugir par aum lugar bem longe onde ninguém nos encontre. Tenho novidades este lugar existe. Consegue se lembrar do que foi bom um dia, da calma, da paz, das pequenas coisas, que eram grandes e simples? Momentos que recomendo a todos voltar no tempo. Perca-se por dez minutos ou mais e sinta de novo essa o paz relembre bons momentos e tenha orgulho por tê-los vivido.

Me lembro quando criança o quanto eu era agarrada ao meu pai, sabia quando ele chegava em casa pelas batidas do sapato na porta. Podia estar distraída, nos fundos da casa que mesmo assim eu sentia o tremor de seus passos que logo se juntavam aos meus passinhos correndo pela casa pra pular em cima dele, assim que ele abrisse a barulhenta porta de metal.
Nesse final de semana foi dia dos pais, eu tenho muito orgulho de dizer que tenho um pai maravilhoso. Ele é do tipo paizão, amoroso, crianção, brabo e ao mesmo tempo um amigo. Sempre presente em cada momento das nossas vidas, minha e do meu irmão, lembro do dia que ele achou o meu primeiro poema, para o meu primeiro amor de infância, eu tinha oito anos, ele achou no meu caderno, fiz um escândalo quando ele pegou, morri de medo de apanhar. Ele e minha mãe sentaram comigo e conversaram sobre meninos e meninas. Bom, minha mãe conversou comigo sobre meninos e meninas, meu pai foi um pouco mais longe, me falou sobre sexo e os perigos de um relacionamento, no caso me assustando mesmo, mas esse é o meu pai, exagerado, alarmado. Só sei que por anos ele guardou aquele poema na carteira dele, como um pequeno trunfo de que sua pequena escritora. Quem sabe um dia?

Lembro-me também dos meus cheiros favoritos na infância, lápis de cera, álcool e plástico. Era o cheiro que tinha a volta às aulas. O cheiro do plástico que minha mãe cuidadosamente encapava meus cadernos, do álcool onde ela rodava desenhos no mimiográfo para colar na primeira capa dos meus caderninhos de aula, e do giz de cera que ela me dava para pintar os desenhos.
Outro cheiro que me lembra a infância é o da chuva fina e a cera do chão. Eu nunca podia estar em casa na hora da faxina, ainda não posso por conta da alergia. Quando chegava do colégio em dia de chuva, tirava meus sapatinhos e ia para os fundos e entrava pela cozinha e o cheirinho dos bolinhos de chuva de minha mãe, junto ao cheirinho de casa limpa adicionado ao cheiro de terra molhada me dava uma imensa sensação de felicidade. Me esparramava naquele chão e minha mãe logo dava a mim e meu irmão um jeito de se divertir pra não atrapalha-lá na cozinha. Um grande lençol, onde agente amarrava um ao outro e ia puxando pela casa inteira rindo muito deslizando pelo chão recém encerado. Lógico que agente não fazia idéia de que estávamos dando brilho no chão.

Bom, essas são algumas das minhas boas lembranças de criança. Quando recordei esses momentos me lembrei de um trecho do livro de meu amigo e colega de trabalho Flamir Ambrósio, onde ele fala sobre relembrar os cheiros, quando ele vai visitar a mãe e sente o cheiro de café no bule e veste a camisa do pai e ainda sente o cheiro dele e se lembra da infância. Todos nós temos esse bom lugar pra ir. Recomendo, em momentos de estresse o visite e encontrará a paz, algumas lágrimas e com certeza muitos sorrisos.