sexta-feira, 26 de março de 2010

Metade do caminho




Estou na metade do caminho da minha vida
E tenho medo, sempre esperei pelo meu meio
Mas não sabia o que aconteceria quando chegasse lá
Estou aqui parada no meu meio
No meio da minha vida, no meio da minha história
No meio do meu enredo, das minhas dúvidas e decisões
Ele me divide entre meu passado e meu futuro
E lá está o presente entre o que fui e o que posso continuar sendo
Ou entre o que fui e o que posso ser.
No meio deste enredo onde deveria ter o meu clímax
Minha catarse, a reviravolta, a entrada de um outro personagem...
Houve uma saída que deixou lembranças inenarráveis.
Seu livro foi concluído. Com um desfecho trágico?
Sim, mas deixou risos e memórias inesquecíveis.
Por isso o meu medo sou a continuação disto
Medo do fim vir antes do começo do meio
O começo de uma história que já começou,
estou na parte que deveria ser mais interessante.
Tá parado ali! Bem no sinal vermelho do medo
Do medo do perigo iminente de um fim trágico
de uma história sem graça que ninguém quer ler.
Porque essa droga de meio não muda,
não transforma os personagens, não faz da plebéia a princesa,
nem do sapo, um príncipe! Mas que sapo? Se nem brejo tem!
E não posso como Mark Macfly entrar na minha Delorean
e voltar no tempo. Só tenho uma chance de fazer isso dar certo
e não posso ficar estacionada no vermelho imaginário do meu medo
Este pânico de ser grande e de ser pequena me manteve neste sinal,
Mas a verdade é que na vida só existem sinais verdes
E eu preciso seguir em frente.
E não tenho mais medo dizer o que eu realmente quero
Quero que meu livro seja melhor do que está escrito
Não quero bocejos, quero adrenalina correndo nas veias
e olhos bem atentos a cada sentença,
quero que ao acabar seja deixando com saudades e suspiros
Ser revisitada sempre que for lembrada e ser muito... bem lembrada
Um best seller, com várias páginas emocionantes e emocionadas
Com direito a séries intermináveis ainda mais interessantes
com outros personagens que virão após de mim.
Chega de medo do meio, medo de chegar perto do fim
Ele pode ser grandioso, se eu souber contar assim.

terça-feira, 16 de março de 2010

Um olhar além da íris


Quero agradecer aqui a alguém que com o tempo percebi ter me dado mais do que recebeu de mim, em tudo o que vivemos como relacionamento. Principalmente na amizade foi como um psicólogo particular ou sei lá o que, não sei denominar, mas foi especial. Uma pessoa que passou pela minha vida para que eu aprendesse algo, crescesse, andasse com minhas próprias pernas e soubesse como realmente é a vida, e principalmente não se preocupou em me agradar com elogios, mas quis me mostrar sem enfeites e confetes quem eu realmente sou. Alguém que soube me olhar com outros olhos com um olhar exclusivo e inesquecível.


Um olhar além da íris

Conheço diversos tipos de olhares
Olhar de admiração, de decepção
Olhar de aprovação, de desejo
Aquele que rastreia meu corpo e me deixa sem jeito
Olhar que me põe no meu lugar
Olhar que se impõe, que me incentiva
Olhar de dengo, de carinho
Olhar de homem e de menino
Todos eles vi em seu olhos
e posso encontrar em outros
Mas... o olhar além da íris
Nunca tinha visto algo assim
Me tirava o fôlego,
me explicava o mundo em uma sentença muda
Me destruía e me reconstruía
Este descrevia tudo o que eu era
e aquilo que eu podia ser
Este olhar me conhecia
Via minha alma nua e inteira
Ele sabia o que eu escondia
Sabia o que eu queria e negava
Conhecia os meus pontos baixos e altos
Sabia do meu medo de ser grande
E do meu medo de ser pequena
Esse olhar sabia demais
Me enlouquecia demais.
Me queria demais e me tinha por inteiro
Entendi mais de mim nesses seus espelhos negros
do que em qualquer diário que pudesse escrever
Além da íris é o olhar que quero ter
Eles são sua melhor dádiva.
Por esse olhar que me forçou a ver
aquilo que eu sempre tive preguiça ou medo de ser
Esse olhar que me ajudou a construir a mulher que sou
Por esse olhar, por seus olhos
Eu só posso agradecer.

16/03/2010
Lidiane Arsenio