sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dá pra ser?


Tenho sido bastante rabugenta nos últimos tempos. Como uma criança birrenta ou coisa pior uma adulta mal agradecida. Que não sabe reconhecer a beleza daquilo que possui para reclamar sempre e todos os dias daquilo que não tem. Desde que me entendo por gente ou pior desde que "Admiradora Secreta" fez minha cabeça sobre romances ou o que eles deveriam ser, aos oito anos me tornei essa incurável romântica, romancista de jornaleiro. Sempre em busca daquele cara e se escondendo da vida fingindo mostrar-me, com meus versos e frases, romances jamais publicados e jamais vividos. Culpo o mundo pelo cara não aparecer, mas nem sei exatamente o que fazer se por acaso ele acontecer.
Hoje, vejo que tive um grande amor em minha vida, o homem que mais me amou, morreu há pouco tempo e ele me dizia isso todos os dias. Me dizia também que o homem que me amar não deve me amar menos do que ele amou minha mãe. só assim ele teria certeza de que seria o cara certo. Ele também a amava demais. Mais eu sempre fui a número um, desde que ele soube da minha pequena existência dentro dela, tudo mudou. Eu era parte dele pra sempre e ele cuidaria de mim e me amaria até sufocar e foi assim, principalmente em seus abraços extremamente apertados. Minhas primeiras palavras foram papai, no meu aniversário de um ano o meu primeiro pedaço de bolo foi pra ele. Ninguém esperava o que eu ia fazer com o bolo só o deram na minha mão e eu o enfiei na boca dele, que acabou chorando como em muitas outras vezes na vida, era um grandalhão emotivo. Meu herói vivo, meu fã, meu ídolo.
Esse grande amor que recebi carrego no peito. É claro que existe a triste ausência de sua presença e ao mesmo tempo sua imperiosa presença dentro de minhas lembranças. Amei-o e fui muito amada por ele também. E hoje só desejo encontrar, não alguém que o substitua, mas alguém que partilhe comigo a vida, os dias, o cansaço do dia de trabalho, as alegrias, um abraço, um beijo, um pôr do sol e uma lua nascente. Quero fazer parte de alguém e deixar que esse alguém faça parte de mim também, do meu cotidiano simples, sem roteiro e aberto a mudanças.
To meio cansada de ser rabugenta, to cansada de reclamar por não ter. To cansada de não ter também. Queria uma coisa simples, sabe? Nada de extraordinário, nada que fosse tão intenso que me machucasse. Queria conhecer alguém de verdade e ser conhecida por essa pessoa sem essa paixão lacinante que me impedisse de ter raciocínio e personalidade. Estar segura de mim e do que quero sem ter pavor de perder, apenas uma cautela segura. Eu sei que parece que estou pedindo um relacionamento com seguro de vida incluído e ninguém consegue isso, principalmente eu. Já que sou tão intensa que sou considerada 800 ou 8.000, os riscos são grandes para aqueles que possuem tais características. Eu tenho meio que necessidade de sentir fortes emoções, mesmo que sejam dores. De preferência amores. Porém as dores marcaram muito e prefiro não tê-las no momento. É simples: sentir-me seguramente amada. Dá pra ser?