sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Faz muito tempo que não posto nada e como já me conhecem sabem que sou desorganizada. Então, enquanto não chega novidades sobre Buenos Aires e minha viagem maravilhosa, pra fora do pais e pra dentro de mim. Deixo pra vocês um texto de uma amiga minha que tem muito a ver com o meu momento atual:

Alice tinha a vida tranqüila, sem grandes acontecimentos ou novidades. Sua rotina jamais era alterada. Todos os dias acordava às 6:20h, alimentava o gato após tomar banho e tomava seu café da manhã assistindo o noticiário. Era completamente alheia ao burburinho de pessoas entrando e saindo dos vagões entre as estações de Inhaúma e Catete do Metrô. Trabalhava num escritório de contabilidade e escondia-se atrás de pilhas e pilhas de documentos de uma grande cliente. Nas reuniões sociais, ela estava sempre num canto, quieta, observando as pessoas enquanto ninguém a observava. Um dia Alice não foi trabalhar, o que se repetiu nos cinco dias seguintes. A quantidade de documentos acumulados em sua mesa era absurda. O gato já havia fugido para o apartamento do vizinho. Na semana seguinte, Alice também não apareceu. Algumas pessoas já sentiam sua ausência, na verdade, elas ficavam incomodadas com tantos papeis na mesa dela. Quinze dias após seu “sumiço”, Alice reapareceu. Bem vestida, usava óculos e roupas de grife. Entregou um envelope ao seu chefe e saiu sem dizer uma palavra. Era uma carta de demissão diferente de qualquer outra lida por ele, dizia:

Cansei de ser uma geladeira. Não quero mais ser aquela de quem as pessoas só valorizam quando não estão mais perto. Quero ser valorizada a todo instante, ainda que seja tímida, ainda que seja quieta, ainda que seja eu mesma. Quero ser valorizada enquanto vivo, enquanto sinto, enquanto ouço e vejo o que está a minha volta. Estou me demitindo da função de contadora e da vida medíocre que aceitei por tanto tempo. Deixo de ser geladeira para ser água: essencial!

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